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Entrevista: Mano Khalil fala sobre "Hafis & Mara", filme de abertura do 7º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo - Pop with Popcorn

Entrevista: Mano Khalil fala sobre “Hafis & Mara”, filme de abertura do 7º Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo

Aconteceu na última quarta-feira, dia 9, a abertura da 7ª edição do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo. Na ocasião, foi exibido o filme Hafis & Mara, de Mano Khalil, seguido de debate com o diretor. Após a conversa com o público, o cineasta recebeu o Pop with Popcorn para uma entrevista exclusiva sobre o seu documentário, que conta a história do artista suíço-libanês Hafis Bertschinger e de Mara, sua esposa. O filme terá, além de outras sessões regulares, mais duas exibições com debate: hoje, dia 10, no CCBB; e no sábado, dia 12, no CineSesc.

A 7ª edição do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo será exibida no CineSesc, de 09 a 16 de maio, e no CCBB SP, de 09 a 21 de maio, e terá mais duas itinerâncias em sua programação, uma no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (CCBB DF), de 22 de maio a 10 de junho e outra no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ), de 30 de maio a 16 de junho.

Confira a entrevista completa:

Qual você acha que é a característica mais intrigante de Hafis e de Mara?

Hafis é um homem explosivo, um vulcão. Então, no começo, eu tive medo de que ninguém gostasse dele. Ele é um homem apresentando a si mesmo, e isso poderia ser um problema. Ele não tinha experiência para isso, não sabia para onde olhar, nunca tinha olhado para uma câmera. Quanto à Mara, ela sequer queria fazer parte do filme. Ela era muito calma, em paz. Eu conversava muito com ela e dizia: “Você é tão interessante quanto o Hafis. Sem você, não haveria Hafis”. E aí ela começou a contar as coisas com amor. Havia duas pessoas opostas, e acho que isso os uniu. Se ela fosse como ele, eles iriam explodir e não ficariam juntos por 53 anos. Não foi um ano, foram 53.

Tive a impressão de que a Mara contrasta muito com Hafis. Ela é muito triste. 

Sim, eu vi no começo, quando conheci Mara e ela começou a contar a história. Eu me perguntava: por que ela o deixou fazer todas essas coisas? Mas, aos poucos, comecei a acreditar que ela o está respeitando. Ele faz todas essas coisas porque ela deixa que ele faça. E ela quis que fosse assim. Ninguém disse para ela, “Mara, você precisa fazer isso para ele”. Foi a sua decisão. E isso me fez pensar: o quão forte pode ser o amor?

Para você, essa é uma história de amor? 

Sim, também. Você sabe quando na vida uma pessoa esquece de dizer “eu te amo”? Sabe essas coisas pequenas que às vezes esquecemos de dizer? Existem muitas pessoas como Mara esperando para alguém dizer “eu te amo”. Hafis talvez, todos esses anos, não tenha dito isso, mas agora ele está tentando dizer, antes que ela morra.

Você vê a si mesmo no personagem de Hafis?

Eu tenho algo de mim no filme, não sou Hafis, ele é diferente, mas temos algumas similaridades. E isso me fez querer fazer o filme, se eu não gosto de uma pessoa, se ela não reflete minha própria vida, eu vou fazer um filme sobre carros, sei lá. O tempo todo tento contar uma história sobre a vida, sobre humanidade, sobre sentimentos.

O que mais te surpreendeu no processo todo?

Foi como Hafis estava calmo ao final das filmagens. Nos últimos meses que filmamos, ele estava muito tranquilo, acho que ele começou a refletir sobre o sentido da vida. Que o mais importante da vida não é ter fama ou dinheiro, mas ter um pouco de amor e viver em respeito com alguém. Acho que ele entendeu isso.

Por Gabriel Fabri

Colaborou Juliana Pithon 

Confira a programação do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo.

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