Vidas à Deriva – Crítica
Um dos talentos mais promissores de sua geração, a atriz Shailene Woodley ficou conhecida por seus papeis em filmes adolescentes: a franquia Divergente e o romance A Culpa é das Estrelas, ambos baseados em best-sellers infanto-juvenis. Recentemente, conseguiu o reconhecimento merecido ao atuar na série de TV Big Little Lies, pela qual foi indicada ao Emmy e ao Globo de Ouro. Tamanho currículo deveria dar à atriz cacique para escolher projetos à altura de seu talento, mas vê-la nesse Vidas à Deriva, filme de Baltasar Kormákur baseado no romance autobiográfico de Tami Oldham Ashcraft, é um balde de água fria para quem esperava que a estrela aproveitasse o momento para se envolver em projetos minimamente expressivos.
O filme conta a história da navegadora Tami (Woodley), que nos anos 1980 se apaixonou e saiu em uma primeira viagem em um veleiro com o namorado aventureiro, Richard Sharp (Sam Claflin). Após uma tempestade, seu barco fica à deriva, e o casal luta para sobreviver em alto mar.
O roteiro não empolga, limitando-se a descrever, por meio de flashbacks, a história sem sal do romance entre os dois protagonistas. O relacionamento entre os dois se dá de maneira simples e banal, de modo que o público não consegue sentir a conexão avassaladora que os personagens supostamente estão sentindo. Conflitos entre eles? Nem pensar. Aqui o amor perfeitinho idealizado impera, o que poderia até funcionar se as cenas no barco, por outro lado, empolgassem. Mas a luta pela sobrevivência retratada também se arrasta, sem grandes momentos ou conflitos, uma falha em um filme com uma matriz melodramática tão forte como este. A soma dessas duas linhas do tempo é de entediar o espectador. Ainda mais com a “reviravolta” preguiçosa do final, não é exagero dizer que nem o talento de Shailene salva Vidas à Deriva de naufragar.
Por Gabriel Fabri
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