Os Órfãos – Crítica
Os Órfãos adapta o romance A Outra Volta do Parafuso, de Henry James
Publicado em 1898, o romance A Outra Volta do Parafuso é uma das obras mais lembradas da literatura de Henry James e da literatura fantástica. A história ganhou, nos anos 1960, uma adaptação para os cinemas à altura, com Os Inocentes, de Jack Clayton, considerado uma obra-prima do gênero. Depois, outras versões da história ganharam as telas, como a brasileira Através da Sombra, que trouxe a história para o Brasil do café. O suspense Os Órfãos traz outra leitura desse clássico, mas sem nenhum frescor de novidade.
Com direção de Flora Sigismondi, responsável por episódios das séries American Gods e O Conto da Aia, o longa-metragem levanta questões interessantes no relacionamento da professora Kate (Mackenzie Davis), que chega a um casarão isolado para cuidar de um casal de órfãos, com as crianças. A figura de Miles (Finn Wolfhard) representa um pré-adolescente depressivo e traumatizado, lidando com a sexualidade, o isolamento, a falta de figuras paternas (e maternas) e a consequente falta de disciplina – e também amor próprio. Dito isso, o filme ecoa uma leitura feminista, que coloca Kate como uma vítima de machismo, tanto do garoto como dos espíritos que assombram a casa.
Fora este novo foco, que poderia ter sido muito melhor explorado, Os Órfãos falha como suspense e terror. Tudo é tão óbvio, como a cena aleatória de um manequim girando a cabeça ou cenas que na verdade são sonhos, que o máximo que o filme consegue é dar um ou outro susto. Melhor seria se focasse mais no psicológico, e na psiquê doentia das crianças, evocando a máxima de que “o inferno são os outros” e deixando os espíritos mais em segundo plano.
Se Os Órfãos estava se apresentando como um produto medíocre, mas até que interessante, o filme termina desperdiçando o pouco que construiu com um final insatisfatório e preguiçoso.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Os Órfãos abaixo: