Madame X – Show é a nova obra-prima de Madonna
Madame X mostra que Madonna não perdeu a energia, a criatividade e a relevância, em um dos seus shows ousados e urgentes.
Ao longo de sua carreira, Madonna construiu para si diversas marcas. Entre elas, a de fazer shows milimétricamente elaborados, com o melhor da tecnologia, um padrão tão alto que dificilmente é alcançado por outros grandes artistas da música. A Rainha do Pop, porém, retorna em show intimista e cantado, pela primeira vez, com trechos em português. Trata-se da turnê Madame X, cujo registro audiovisual acaba de chegar ao Paramount+ (podendo ser acessado também com uma assinatura extra no Amazon Prime Video). O show mostra que Madonna não perdeu a energia, a criatividade e a relevância, em um dos seus shows ousados e urgentes.
Assista ao show da turnê Madame X clicando aqui
Madame X, o show, mostra uma Madonna irreverente, sábia e politicamente engajada. Já o álbum é o melhor e menos comercial de sua carreira desde o polêmico American Life – não à toa, ele marca o retorno da parceria com o produtor Mirwais, após Madonna se aventurar com produções de nomes mais mainstream como Pharrell Williams e Timbaland, em Hard Candy, e Diplo, em Rebel Heart. Mas, como a própria cantora diz no registro de Madame X, não se trata de ser popular, e sim de ser livre.
Apesar de ter trocado os estádios por um teatro em Portugal, Madonna não faz um show de voz e violão. O espetáculo se mantém, mas agora muito mais político, urgente. Não há espaço para dançar por dançar, então não espera um Like a Virgin, Material Girl ou um 4 Minutes para o repertório. Inspirada no escritor norte-americano James Baldwin, Madonna reforça sua veia provocadora aqui, ao lembrar que a artistas estão aqui para perturbar a paz. Madonna já inicia o show colocando os dois pés na porta, falando de política, direitos humanos e controle de armas, com a imagem da bandeira dos Estados Unidas suja e furada por balas.
Com exceção de Vogue, que ganha uma deliciosa releitura que remete às femme fatale do cinema noir, tudo nesse show é mais intenso, político. Por isso, Madonna traz do repertório antigo músicas com mensagens mais fortes, como American Life, Human Nature e Like a Prayer. Outro destaque é Frozen, o ponto alto do show, no qual Madonna canta sozinha, em meio à projeção de uma coreografia executada por sua filha mais velha, Lola. Human Nature também ganha uma deliciosa versão intimista.
Há espaço para respiro, mas Madonna escolhe não falar de trivialidades: a face Madame X romântica floresce com o contato com a música portuguesa, inspirado na força das mulheres de Cabo Verde em Batuka, ou no fado que inspira a canção Crazy, uma das mais deliciosas canções do novo álbum. O amor e o sexo são celebrados com a icônica Medellin, parceria com o colombiano Maluma. O funk Faz Gostoso, parceria com Anitta, ficou de fora do repertório, mas de fato destoaria do resto.
Madame X não tem o caráter de espetáculo das turnês anteriores de Madonna, mas é um show ainda mais necessário do que os anteriores. E mostra porque, sem dúvidas, Madonna continua sendo uma das artistas mais relevantes da história.
Por Gabriel Fabri (@_gabrielfabri)
Jornalista, especializou-se em Cinema, Vídeo e TV pelo Centro Universitário Belas Artes. Colaborou com Revista Preview, Revista Fórum e Em Cartaz. É autor de Fora do Comum – Os Melhores Filmes Estranhos e O Pato – Uma Distopia à Brasileira.
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