A Última Noite
Filme de Natal A Última Noite chega aos cinemas com Keira Knightley e mensagem sobre pandemia e o fim do mundo
Filmes de natal costumam, de praxe, trazer mensagens bonitas e esperançosas para essa época do ano. São raras as produções natalinas que enveredam por outro caminho que não o do filme para toda a família. A Última Noite, da diretora e roteirista Camille Griffin, foge à regra ao refletir sobre a destruição iminente do mundo, em tempos de aquecimento global e pandemia. O filme traz a atriz Keira Knightley no elenco.
A história começa como outra qualquer: a família toda se dirigindo para a casa onde vão celebrar o natal, apesar de suas desavenças internas. Na ceia, entretanto, as máscaras caem. É impossível disfarçar que aquele é um natal normal. O elefante na mesa precisa ser abordado: aquele é o último dia da vida de todos, pois um gás tóxico se aproxima, e o governo britânico já liberou as pílulas de suicídio para todos.
O grande trunfo de A Última Noite é, nesse momento em que a pandemia parece uma ameaça a se dissipar, lembrar o público de que poderia ter sido bem pior – e ainda pode ser. Como lembra o menino Art, que faz o papel de questionador da “solução” dada pelo governo e da passividade da família, “Greta avisou”, em referência à ativista ambiental Greta Thunberg. De certa forma, no natal de 2021 e nos próximos, temas espinhosos serão evitados, mas não deveriam, e o futuro do planeta, certamente, é um deles.
Com algumas situações engraçadas – afinal, o que você falaria para a sua família se soubesse que não há mais nenhuma oportunidade de dizer o que está na sua garganta? -, A Última Noite não surpreende, mas é ousado ao negar uma catarse ou um conforto para o público. Se assemelha em muitos aspectos à Melancolia, de Lars von Trier, sem a veia tão provocadora do cineasta dinamarquês, é claro, e com a exceção de que aqui todos sabem que vão morrer, só precisam escolher entre o suicídio patrocinado pelo governo, ou se agarram a esperança de que, talvez, quem sabe, alguém sobreviva ao vírus para contar a história.
Talvez A Última Noite sensibilize o público a falar na ceia e a refletir sobre os nossos hábitos destrutíveis, o consumo de energia, água e combustível fóssil, nossas pequenas atitudes que podem fazer a diferença, como a escolha de em quem votar, por exemplo.
Por Gabriel Fabri (@_gabrielfabri)
Jornalista, especializou-se em Cinema, Vídeo e TV pelo Centro Universitário Belas Artes. Colaborou com Revista Preview, Revista Fórum e Em Cartaz. É autor de Fora do Comum – Os Melhores Filmes Estranhos e O Pato – Uma Distopia à Brasileira.
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Confira o trailer de A Última Noite abaixo: