Uglydolls – Crítica
A sociedade impõe padrões de beleza inalcançáveis. Cada vez mais, fazemos sacrifícios e investimos dinheiro em nome do corpo perfeito, uma busca que nos traz infelicidade, quando não é gatilho para doenças como ansiedade e depressão. Além disso, ser fora do padrão é motivo de bullying, especialmente para crianças e adolescentes. Por isso, uma animação como Uglydolls, de Kelly Asbury, é uma pedida obrigatória para levar as crianças.
Na trama, a boneca Moxy (voz de Kelly Clarkson) sonha em ser enviada ao mundo real para ser escolhida por uma criança. Ela vive na cidade de Uglyville, um lugar para o qual são enviados bonecos com defeitos de fabricação. Junto com seus amigos, ela planeja uma fuga da cidade, e encontra o local, liderado pelo galã Lou (Nick Jonas), onde os bonecas passam por “testes de perfeição” antes de serem comercializados.
Embora muito voltada ao público infantil e tenha canções originais pouco memoráveis – apesar do time de dubladores incluir nomes de peso como Bebe Rexha e Pitbull -, a animação consegue cativar o público com sua mensagem importante, transmitida através dos diversos testes que os personagens precisam passar para, supostamente, se aperfeiçoarem, além da desconstrução de Lou, o personagem supostamente perfeito.
A animação tem as cores abundantes de Trolls, por exemplo, mas não tem a sua originalidade e nem sabe usar a música tanto ao seu favor (o filme com Justin Timberlake e Anna Kendrick tinha canções originais caprichadas, mescladas com grandes clássicos da música estadunidense). A principal, assim como a de Trolls, cativa com a sua determinação em seguir seus sonhos, mas falta um pouco de protagonismo nos coadjuvantes – exceto com as seguidoras cegas de Lou, que trazem um efeito cômico e uma crítica à cultura do fã, que alimenta pessoas belas e vazias; e a personagem Mandy (Janelle Monáe), uma das bonecas quase perfeitas, mas que esconde um “defeito”: o uso de óculos. Como uma boneca não descartada, Mandy injeta empatia na trama, fazendo o elo entre as duas comunidades de bonecos.
Por mais esquecível e previsível que sua trama possa ser, Uglydolls diverte e levanta questões importantes sobre padrões de beleza. Mas só a cena final, delicada, já vale o ingresso.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Uglydolls clicando aqui.