Liga da Justiça – Snyder Cut
Nova versão de Liga da Justiça, Snyder Cut têm personalidade de sobra
O filme que vem causando ruído na internet desde o segundo semestre do ano passado coloca um sorriso amargo no nosso rosto. Liga da Justiça – Snyder Cut, que foi disponibilizado ao público nesta semana, nos mostra o poder implacável e a cara de pau sem limites dos grandes estúdios da indústria hollywoodiana. Ora, quase quatro anos após a Warner lançar um filme irrelevante e vendê-lo, agora ela pode lançar uma versão relevante e, pasmem, vendê-lo de novo. Na prática é: “eu estrago a sua obra, lucro em cima dela, depois permito que você relance-a, ‘desestragada’ e lucro em cima dela de novo”.
Confira a crítica da 1ª versão de Liga da Justiça clicando aqui
Espertezas da Warner à parte, o longa – e bota longa nisso – não deixa de ser uma redenção a Zack Snyder e seu universo. Ao assistir a Liga da Justiça – Snyder Cut, é quase impossível o reconhecermos como uma diferente versão daquele filme sem graça lançado em 2017. É de fato algo radicalmente diferente, principalmente em ritmos e atmosfera. Porém, ainda assim, este nos permite ver com clareza os motivos da obra de Joss Whedon ter dado errado: faltava desenvolvimento e personalidade, coisa que aqui temos de sobra.
A nova versão é muito hábil em desenvolver os seus heróis, principalmente aqueles que não haviam sido apresentados nos longas solo anteriores. Dessa forma, conhecemos os fatos que levaram Victor Stone (Ray Fisher) a se tornar o Ciborgue, assim como os motivos de sua personalidade tão amarga. Também ficamos mais próximos de Barry Allen (Ezra Miller), que é capaz de se mover na velocidade da luz, mas que não consegue arrumar um emprego. Até mesmo a relação de ódio que Arthur Curry (Jason Momoa) tem com Atlântida ficou mais desenvolvida.
O vilão Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) também cresceu muito ao se tornar mais desenvolvido. Além da aparência muito mais marcante, conhecemos o seu passado e como tal passado constrói as suas motivações que, agora, tornaram-se humanas. Aquela criatura insípida do filme de 2017 aqui consegue até mesmo nos transmitir implacabilidade, capaz de representar um perigo real aos heróis e àqueles que eles protegem. Também é a partir dele que somos apresentados àquilo que seria o Universo Estendido DC e que, sabemos, foi apagado no outro e engavetado pelos executivos da Warner.
Basicamente diversos acontecimentos da obra de Whedon que pareciam jogados, desconexos e incoerentes, tornaram-se coesos e conectados. Já as ações e decisões dos personagens ganharam motivações mais claras. Até mesmo as cenas de ação melhoraram com a ampliação. Se antes as lutas e batalhas eram tão enxugadas que as víamos como trivialidades, agora são grandes acontecimentos que ditam os rumos da narrativa.
Liga da Justiça – Snyder Cut também tem uma personalidade forte: trata-se, rigorosamente, da visão do diretor sobre aquele universo. É mais sombrio, mais sério e mais “esquisito” do que a média dos filmes de super-herói. O ritmo é mais lento e a fotografia é escura e dessaturada. Logicamente todos os vícios e virtudes de Snyder estão lá. Então, quem se sente muito incomodado com câmera lenta e afins, talvez não seja recomendado. Porém, em tempos de filmes tão parecidos e “seguros” aos grandes estúdios, ver uma obra dessa magnitude se permitindo ousar, talvez garanta um sorriso doce no rosto de muitos.
Para além da bonita história de superação de Zack Snyder e da falta de escrúpulos dos grandes estúdios, a mais importante reflexão deixada pelo Snyder Cut é a derrubada do mito da falta de criatividade em Hollywood. Os criativos existem, porém podem ser severamente sabotados pelos executivos dos grandes estúdios, que estão preocupados com os cristais das fórmulas prontas e acabam jogando no lixo os diamantes da ousadia.
Por Caio Shimizu
Confira o trailer de Liga da Justiça – Snyder Cut abaixo:
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