House of Cards – 4ª Temporada
Enquanto os Estados Unidos acompanham mais uma campanha presidencial – no momento, ocorrem as primárias, quando os republicanos e democratas realizam votações para escolher seus candidatos à Casa Branca -, a série House of Cards, produção original do Netflix, chega à sua quarta temporada. Na trama, o Presidente Frank Underwood (Kevin Spacey) fará de tudo para garantir a sua nomeação pelo Partido Democrata para concorrer à reeleição. Para isso, ele precisa lidar com as ambições de sua esposa, Claire (Robin Wright), e derrotar Heather Dunbar (Elizabeth Marvel) nas primárias.
A nova temporada mantém o nível de qualidade da anterior e surpreende com as reviravoltas na campanha presidencial e na relação entre Frank e Claire. O 4º ano da série começa no olho do furacão: a relação entre o casal está abalada e Claire promete ser a maior adversária do Presidente nessa disputa. O que pode, ou não, ficar apenas na promessa: Claire revela-se ainda mais habilidosa com política do que mostrado anteriormente. Uma personagem para ficar de olho nessa temporada (e nas próximas, pois o 5º ano da série já foi confirmado pelo Netflix).
A nova temporada lida de forma muito estranha com a campanha de Heather Dunbar – sem correr o risco de dar spoilers, quem assistir verá a facilidade com a qual essa personagem é menosprezada na trama. Difícil acreditar também em como uma outra personagem importante, mais para o final da temporada, deixa de se tornar um obstáculo.
O alívio para quem tem a sensação de que Frank consegue tudo o que quer é que, nessa temporada, os obstáculos ficam realmente maiores com a volta de muitos personagens para a trama. O biógrafo Tom Yates, os jornalistas Lucas Goodwin e Tom Hammerschmidt e até o ex-Presidente Walker reaparecem na história. A nova temporada soube explorar bem os três primeiros personagens, presentes em momentos cruciais da história. Por outro lado, novos personagens, como a mãe de Claire ou o candidato republicano à Presidência, Will Conway (Joel Kinnaman), ganham grande relevância também.
Além de retratar os bastidores de uma política movida à sede de poder e sem escrúpulos, coisa que traz a novos níveis nessa temporada, House of Cards discute temas pertinentes à atualidade que vão além das mentiras e falsas aparências de uma corrida presidencial: a questão da posse de armas nos EUA e o terrorismo. Centrais nessa nova temporada, esses temas, retratados do ponto de vista dos bastidores da política, provocam reflexões ainda mais mórbidas sobre as intenções dos políticos em geral – desde o candidato que defende o que o outro fez, mas se posiciona contra para ver o outro sangrar (lembrou da turma do “quanto pior, melhor” na política brasileira hoje?), até o uso político do terrorismo como forma de ganhar votos. Por esse último motivo, o final da temporada é o mais chocante até agora. Semear o medo para atingir um objetivo político não é novidade, mas a frieza dos personagens de House of Cards é, sim, de arrepiar.
| Gabriel Fabri