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Invocação do Mal 2

Dentre os diretores mais jovens de Hollywood, há um nome que merece atenção: é o malasiano James Wan, que criou as franquias de horror Jogos Mortais e Sobrenatural e, ao se aventurar no gênero da ação, entregou Velozes e Furiosos 7,  o melhor e mais bem sucedido capítulo da série. No primeiro Invocação do Mal, que agora é a terceira criação de Wan transformada em franquia, o diretor fez uma obra aterrorizante, partindo da velha história da casa mal assombrada. Em Invocação da Mal 2 (The Conjuring 2), os demonólogos Ed e Lorraine investigam mais um caso de assombração, dessa vez na casa de uma família inglesa.  O novo longa-metragem, novamente dirigido por Wan, não consegue criar um clima tão tenso quanto o primeiro filme, mas chega perto – e traz momentos interessantes na construção dos personagens.

Após um prólogo um tanto quanto desnecessário, dando pistas sobre o caso mais famoso do casal de investigadores (Amityville, de 1976, também o mais adaptado para os cinemas), o longa-metragem engata ao apresentar a família Hodgson, composta por uma mãe solteira (Frances O’Connor) e cinco filhos. Tudo vai bem até que coisas estranhas começam a acontecer e o fantasma de um idoso que morreu ali, na cadeira de couro da sala de estar, se manifesta. Patrick Wilson e Vera Farmiga retornam nos papéis do casal Warren, que, desta vez, serão mais céticos em relação ao caso. Lorraine, afinal, tem que lidar com seus próprios demônios.

A história é inspirada em um caso real, que teve repercussão midiática e discussões se ele seria ou não uma fraude. Quanto a isso, Wan não deixa dúvidas para o público, que sabe desde o começo que aquilo tudo não pode ser obra da cabeça das crianças. Aliás, o fantasma não é nem um pouco tímido. Aquele momento em que alguém tenta mostrar para outra pessoa que há uma assombração na casa, mas nada acontece – esse momento não existe em Invocação do Mal 2, criando uma positiva e engraçada quebra de expectativa quando, por exemplo, os policiais saem correndo da casa em que vão verificar a ocorrência de um provável invasor. Não é o único momento em que o filme usa o humor de forma natural e até criativa, sem colocar piadinhas engraçadinhas na boca de seus personagens. Ponto positivo para o longa-metragem, que ainda tem um grande momento que quebra o clima de suspense, mas que ajuda a se envolver com os personagens: uma cena em que todos cantam uma canção do Elvis, uma licença do roteiro para um escape feliz e melancólico.

Embora alguns truques pareçam manjados demais, Invocação do Mal 2 consegue manter o espectador interessado na história, além de criar boas cenas de terror. Mas há dois momentos que valem ser destacados, porque mostram um desejo de criar mais que um filme de terror qualquer. A primeira conversa entre Lorraine e Janet (Madison Wolfe), a menina que é mais visada pelo fantasma, dá um grande peso para essa personagem, com o seu desabafo por conta não só da tortura psicológica da assombração, mas também por causa da cobertura midiática do caso; segundo, quando Ed tenta entrar em contato com o espírito, e este exige que todos virem de costas. A câmera estática foca apenas no investigador, e temos apenas as sugestões de mudanças no corpo de Janet – não estamos de costas, mas, assim como o personagem, não vemos as transformações na garota.

Uma dica: fique atento aos detalhes no filme.

| Gabriel Fabri

O blogueiro assistiu ao filme à convite do Mundo Blá.