Hilda Hilst Pede Contato – Crítica
Uma das escritoras brasileiras mais importantes e controversas da história, Hilda Hilst é a homenageada principal da Flip 2018, Feira Literária de Paraty. O evento foi escolhido para a première de Hilda Hilst Pede Contato, documentário de Gabriela Greeb sobre a autora, que chega aos cinemas em agosto. O longa-metragem usa de linguagem poética e de gravações em áudio de Hilda para homenagear a escritora, mas falha ao dialogar com o público.
Reunindo amigos de Hilda na Casa do Sol, uma fazenda em Campinas onde a autora viveu e conviveu com outras grandes personalidades, o documentário junta depoimentos e conversas, misturados com imagens poéticas. Trechos da obra de Hilda são narrados pelos amigos, e gravações, em áudio e vídeo, trazem um pouco da imagem da escritora.
Polêmica pela sua fase pornográfica, na qual escreveu obras como O Caderno Rosa de Lory Lamby (1990), entre outras reunidas no livro Pornô Chic (Globo Livros), Hilda é uma autora que precisa ser redescoberta e apresentada para as novas gerações, pela ousadia característica de sua obra, especialmente nessa fase. O documentário, entretanto, não tem a menor pretensão de dialogar com quem não conhece a sua obra. Muito menos instigar o público a conhecê-la. A colagem entre depoimentos sobre sua personalidade e trechos aleatórios dos livros com imagens poéticas cansa a audiência e soa vazio e desproposital. O filme pode parecer bem intencionado, mas é hermético demais, com referências soltas demais, e se perde na sua tentativa de fazer poesia.
Se em sua fase pornográfica Hilda Hilst pedia contato com o público, em Hilda Hilst Pede Contato isso é justamente o que não há. A obra, em suma, não escapa ao seu nicho literário, e deve agradar apenas aos grandes admiradores da autora.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Hilda Hislt Pede Contato clicando aqui.