Cats: da Broadway para as telonas
Um dos musicais de maior sucesso da Broadway, Cats ganha sua versão nos cinemas por Tom Hopper e com música inédita de Taylor Swift
O inglês Tom Hooper, vencedor do Oscar por O Discurso do Rei, retorna aos musicais quase sete anos após o seu Os Miseráveis abocanhar oito indicações ao prêmio. Agora, o desafio é ainda maior que dar vida à grandiosa epopeia de Victor Hugo: Cats, composto por Andrew Lloyd Webber, é um dos musicais de maior longevidade na Broadway e foi vencedor do Tonny Awards. Se não bastasse esse legado para honrar, o longa-metragem precisa lidar também com o desafio de tornar verossímil atores reais interpretando gatos – algo que a repercussão negativa dos trailers mostrou ser mais difícil do que se imaginava.
O espetáculo estreou na West Land em Londres em 1981 e chegou à Broadway no ano seguinte. Sua composição é assinada por Andrew Lloyd Webber, também responsável por Jesus Cristo Superstar, Evita e, posteriormente, O Fantasma da Ópera. Webber se baseou em poemas sobre gatos do escritor T. S. Elliot e musicou quase todas as letras com base nos versos do autor norte-americano – com exceção de Memory, que se tornou a composição mais famosa de Cats, escrita por Trevor Nunn. É a única canção cuja letra não fala sobre gatos e se tornou um sucesso na voz de Barbra Streisand antes mesmo da estreia na Broadway. No filme, é interpretada por Jennifer Hudson.
Adaptar a magia dos palcos para o cinema não é tarefa fácil – além do uso do CGI na pele dos atores, que gerou reações negativas nas redes sociais, a produção tem outros desafios, principalmente considerando que a história de Cats fica em segundo plano no musical. Basicamente, há uma disputa para ver qual gato irá ascender ao Heaviside Layer, uma espécie de paraíso – em outras palavras, pode-se ser lido como um ritual de morte, mas, é claro, levando-se em conta que gatos possuem sete vidas.
O que mais importa, de verdade, é a dança e a música, tanto que mal há diálogos entre os números musicais, totalizando duas horas de dança. Assinadas por Gillian Lynne na versão original, o longa-metragem escalou o bailarino Andy Blankenbuehler, responsável pelo fenômeno da Broadway Hamilton e pelo revival de Cats em 2016, para coreografar o elenco de estrelas, que inclui a cantora pop Taylor Swift e nomes como Judi Dench, Ian McKellen, James Derulo, Rebel Wilson, e Idris Elba. Assim como em Os Miseráveis, Hooper exigiu que os atores cantassem durante as gravações das cenas.
É possível que o filme, porém, traga novidades em relação ao original, incluindo “Beautiful Ghosts”, música inédita assinada por Swift e Webber. Mas o diretor tem mostrado interesse em ser fiel à grandiosidade dos palcos: a tão polêmica pele feita com CGI lembra a roupa colada que os dançarinos usam nos palcos e os cenários e objetos são gigantes, dando a sensação de que os personagens tenham, de fato, o tamanho de gatos – a escala foi de, no mínimo, três vezes o tamanho dos atores. Uma curiosidade: em Nova Iorque, quando o espetáculo estreou, o Winter Garden Theater precisou de uma reforma no teto para dar conta da ambientação que a história merecia.
Cats tem uma trajetória grandiosa. Agora resta saber se o público vai compra o resultado final, cujo processo de pós-produção foi tão complicado que o filme quase não foi exibido a tempo de concorrer nesta temporada de premiações. Os críticos, definitivamente, não compraram, com o filme amargando uma baixa aprovação no Rotten Tomatos.
Cats chega aos cinemas nesta quinta-feira.
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer a seguir: