Pedro Antônio: Um Tio Quase Perfeito 2 é sobre “tolerância e transformação ativa”
Confira a entrevista com Pedro Antônio, diretor de Um Tio Quase Perfeito 2, comédia brasileira estrelada por Marcus Majella
Chega às plataformas digitais a comédia brasileira Um Tio Quase Perfeito 2. O Pop with Popcorn conversou com o diretor Pedro Antônio, que também assina o primeiro longa-metragem. Estrelado por Marcus Majella (Vai que Cola) como Tio Tony, o longa-metragem discute o ciúmes e a imaturidade quando o querido tio se vê ameaçado pela chegada de um novo membro na família: Tio Beto, o seu futuro cunhado. Confira abaixo a entrevista, na qual o cineasta destaca dois temas no filme, a “tolerância e a transformação ativa”. “Só o discurso sem o exemplo não ajuda”, pontua.
Pop with Popcorn – O personagem ali no começo do filme tem que colocar ordem em todas aquelas crianças – de certa forma, você como diretor desempenha um papel parecido no set. Você se identificou com o protagonista nesse momento? E se identifica de alguma forma com o Tio Tony?
Pedro Antônio – A dinâmica no set de Um Tio Quase Perfeito 2 foi bem agradável. Por conta do primeiro filme, as relações já estavam bem sedimentadas. Eu me identifico com o jeitão mais relaxado do Tio Tony. O Majella brinca muito que se inspirou em coisas minhas, trejeitos meus pra compor o Tio (risos). Não sei se acredito nisso, não.
O que foi mais desafiador na produção dessa sequência, comparando com a experiência de dirigir o primeiro filme?
A pressão que eu mesmo gerei de manter um padrão e trazer um boa sensação de continuidade da saga do Tio Tony e sua família. A responsabilidade de fazer um filme esteticamente melhor, uma trama que fosse capaz de preencher as expectativas geradas pelo primeiro filme e criar um harmonia com os novos atores que fazem parte da história também foram bons desafios.
O personagem do Tio Tony reflete o lado bom de ser criança, lúdico, criativo. Entretanto, nessa sequência vemos também o lado negativo, com o tio agindo de maneira imatura, com base no ciúmes. Quando crescemos, perdemos esse lado bom de ser criança e mantemos apenas esse lado ruim? Por que isso acontece?
A maturidade não precisa ser um descolamento absoluto da infância, podemos guardar nossos aspectos lúdicos, ingênuos e criativos sem perdermos a responsabilidade. O Tio Tony sente um ciúme natural que acaba despertando um lado vamos dizer assim “malvado/infantil”. O equilíbrio da liberdade é a base que sustenta tudo… ninguém deve deixar de comer um pote de Nutella se sentir vontade, mas comer toda hora um pote de Nutella destrói tudo, inclusive a própria vontade de comer Nutella. Então, vejo que quando crescemos vamos entendendo melhor nossos limites e como controlá-los. Tio Tony não deixa de ter seu lado bom, mas ele se desequilibra com o lado ruim. Agora, sem dúvida alguma que os percalços e as trajetórias individuais moldam nosso estado emocional e acabam interferindo em nosso comportamento ao longo do tempo. Mas acho que o Tio Tony reencontra esse lado bom da infância.

Como você acha que Um Tio Quase Perfeito 2 pode inspirar pais e crianças a serem pessoas melhores e as famílias a conviverem melhor entre si?
O filme aborda dois temas que podem servir de inspiração: Tolerância e transformação ativa. Só o discurso sem o exemplo não ajuda.
A sequência introduz o personagem do Tio Beto, que aparentemente parece um cara perfeito – isso, obviamente, fere o ego de Tony. Como você pensou os contrastes entre esses personagens? No fundo, eles não são tão diferentes assim, né?
O contraste é um dos elementos de comédia, e um aliado para os conflitos narrativos. Fizemos uma lista de Beto e Tony, um de cada lado em oposição, e cruzamos semelhanças e diferenças. O mais importante era que o Beto trouxesse algo que o Tony não tivesse e que isso gerasse um amor coletivo por Beto, que o Tony não partilhasse. Uma vez essa meta atingida, o passo dois era gerar o clima bélico entre eles, pra sustentar o conflito e gerar os embates na trama. Então, antes de tudo, nasceram os personagens, suas características e a partir dela criamos os conflitos. Há aquela máxima dos “opostos se atraem” e, sim, de alguma maneira eles não são tão diferentes assim não (risos).
Como você imagina que seria a convivência entre os dois tios se ficassem em quarentena juntos? (Está aí uma ideia para o 3o filme, risos)
Impossível! Eu que não iria querer estar nessa casa. Sobre um possível Um Tio Quase Perfeito 3, sabe o que eu vejo? Vejo uma aventura, acho que Tony, Beto, Ângela e companhia tinham que viver uma experiência coletiva bem maluca. Seria um belo capítulo final pra trilogia. Quem sabe (risos)…
Por Gabriel Fabri
Confira o trailer de Um Tio Quase Perfeito 2: