True Blood – 6ª Temporada
Por Gabriel Fabri
Os vampiros saíram do “caixão” para provar não só o sangue das pessoas (isso eles já faziam há séculos, literalmente), mas também que eles, por mais diferentes que eles sejam, também são humanos, capazes tanto de atos de maldade quanto de bondade. Sexy, misteriosos, monstruosos e complexos são os vampiros de “True Blood“, seriado da HBO criado por Alan Ball (“A Sete Palmos”) e que chega a sua sétima e derradeira temporada nessa semana, simultaneamente aos Estados Unidos. A temporada anterior acaba de chegar em DVD no Brasil, pela Warner Home Video.
Baseada na série de livros “The Souther Vampire Mysteries”, escrita por Charlaine Harris, “True Blood” desperta a atenção logo de cara não só pelos seus personagens cativantes mas por todas as questões políticas e psicológicas que envolvem o seriado. A proximidade entre as palavras “presas” e o pejorativo “bichas” em inglês (”fangs” e “fags”, respectivamente) e a clara alusão à homossexualidade em “sair do caixão” é apenas um exemplo de como a série vem com um propósito verdadeiramente crítico a um universo que parece longe da fantasia vampiresca, o nosso mundo real. Na trama, vampiros terão que enfrentar os medos e preconceitos de uma sociedade conservadora e até fundamentalistas religiosos.
A primeira temporada apresenta a humanidade alguns poucos anos após a revelação da existência dos vampiros, que teoricamente não precisariam mais se esconder com a invenção do Tru Blood, um sangue sintético comercializado que supre a necessidade de alimentação dos predadores, apesar de ter um gosto nada comparado ao sangue humano. Nesse contexto, em um bar na cidadezinha Bon Temps, no sul dos EUA, o vampiro Bill Compton (Stephen Moyer) entra em um bar onde a garçonete Sookie Stackhouse o atende. Interpretada por Anna Paquin (a Vampira – sim! – dos filmes “X-Men”), ela tem um segredo: consegue ouvir os pensamentos das pessoas – menos de Bill.
Ao longo das temporadas, a audiência acompanhou momentos em que humanos corriam perigos na mão dos vampiros – e vice-versa. Não é raro os episódios em que os dois se unem para combater um perigo maior, como a deusa dionística da segunda temporada, as bruxas da quarta, ou a própria Autoridade vampiresca, a instituição organizadora da comunidade de vampiros, na quinta. Isso sem contar dos conflitos com lobisomens, fadas e metamorfos, outras criaturas presentes na mitologia da série, e as brigas internas dos personagens, que não raro se confrontam com os próprios desejos e o próprio passado.
Após cinco anos, “True Blood” ainda escapa, não com facilidade, do risco de repetir-se numa fórmula manjada. A sexta temporada tem um início tão empolgante quanto a primeira: após Bill beber o sangue de Lilith, o equivalente a Deus na teologia vampiresca, o personagem se torna uma ameaça iminente. Ao mesmo tempo, os humanos dão sua cartada final, e a guerra com os vampiros pode ter dado o se primeiro passo quando o governador de Louisiana declara um toque de recorrer aos caninos.
A desconfiança em Bill e o cenário quase apocalíptico com os humanos parece incendiar a trama da temporada, que novamente revela mais detalhes do passado de Sookie, dessa vez relacionados ao vampiro que assassinou os seus pais, Warlow. Mas o problema da sexta temporada é que, tanto Bill quanto Warlow não convencem como vilões, tamanha a preocupação em mostrar o lado bom deles. A verdadeira ameaça da temporada, os humanos liderados pelo governador e uma velha conhecida dos fãs da séries, não estão a altura de perigos anteriores. Mesmo assim, com exceção da disputa sonolenta entre Sam e Alcide, os episódios conseguem, cada um a sua maneira, ser realmente empolgantes. Um ponto positivo, que não pode deixar de ser mencionado, é a morte de um dos personagens, que deu mais relevância às tramas paralelas que não envolvem (tanto) o sobrenatural.
O limite entre ser humano e ser um monstro, linha tênue tanto para quem pode andar na luz do sol quanto para quem não pode, continua gerando muitas histórias interessantes em “True Blood”. A sexta temporada prepara bem o terreno para a despedida da série, o que, infelizmente, se concretizará em breve. De qualquer forma, “True Blood” deixa o seu legado na história da TV norte-americana: nunca os vampiros foram tão humanos e, por consequência, tão interessantes.
Esta série Sookie Stackhouse maravilhosa, além de que o agarra com o enredo, ele se dá bem com seus atores, guapísimos tudo, eu amo sangue verdadeiro, sempre encantando o aluno