Mank – Crítica
Com Amanda Seyfried e Gary Oldman, Netflix lança Mank, sobre roteirista de Cidadão Kane
Filme de estreia de Orson Welles, Cidadão Kane é considerado um dos filmes mais importantes da história – o marco inicial do que se é considerado “cinema moderno”, quebrando com os padrões estéticos e narrativos do chamado “cinema clássico”. Com nove indicações ao Oscar, o filme recebeu apenas um: Melhor Roteiro Original, creditado a Orson Welles e Herman J. Mankiewicz. É sobre Herman, entretanto, que o diretor David Fincher (Garota Exemplar) vai se debruçar em Mank, produção original da Netflix estrelada por Gary Oldman e Amanda Seyfried.
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Mank (Gary Oldman), como conhecido o roteirista, havia sido contratado como ghost writter para o filme de estreia de Welles, que na época já era um sujeito bastante conhecido, principalmente, por sua leitura de A Guerra dos Mundos na rádio. Um ghost writter, como se sabe, nunca assume o crédito por sua obra. Mank, que já havia perdido o seu prestígio, aceitou a proposta, sem saber que escreveria, assinando como Orson Welles, o seu melhor trabalho.
Mank, o longa-metragem, não discorre sobre os bastidores de Cidadão Kane, e a própria relação de Herman com Welles fica em segundo plano. Com o preto e branco característico de Cidadão Kane, uma bela fotografia e técnicas que remetem ao filme de 1942, David Fincher homenageia a obra-prima de Orson Welles, sim, da maneira como tentou fazê-la nos anos 1990 e não conseguiu (filmes em preto e branco sofrem certa resistência em Hollywood), mas enfoca uma figura importante, mas pouco conhecida de sua história: o roteirista.
Com o roteirista em foco, Fincher explora os bastidores da chamada era de Ouro de Hollywood, colocando em cena não só as personalidades que inspiraram Mank no roteiro de Cidadão Kane, o magnata da mídia William Hearst (Charles Dance) e sua esposa Marion Davies (Amanda Seyfried), mas também os grandes magnatas de estúdios, como Louis B. Mayer e Irving Thalberg, ambos da MGM, estúdio famoso por suas estrelas – embora Mayer afirme no filme que “a única estrela é o leão”, em referência à icônica vinheta do estúdio.
Com roteiro do falecido pai de David Fincher, o jornalista Jack Fincher, Mank chama atenção pelo visual, mas a sua trama deve ser um deleite para os grandes amantes do cinema: os bastidores de Hollywood, os jogos de poder, o envolvimento dos estúdios com a política, e a luz / homenagem a uma figura do processo cinematográfico, o roteirista, que muitas vezes fica na sombra de seus filmes – um tributo não só a Hank como ao próprio pai de Fincher, que nunca viu seu texto chegar às telas.
Entretanto, falta ritmo ao longa-metragem, o que pode ser parcialmente explicado pelo fato de que o roteiro fora desenvolvido nos anos 1990, texto que, por todo o contexto, deve ter sido tradado com preciosismo pelo diretor, que chegou a fazer 100 tomadas de uma mesma cena. Um filme para poucos, em suma, mas que deve marcar presença na temporada de premiações.
Por Gabriel Fabri
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