Jazz e Blues: a essência do povo americano em Soul e A Voz Suprema do Blues
Animação “Soul”, da Pixar / Disney Plus, e drama “A Voz Suprema do Blues”, da Netflix, retratam sonhos e preconceitos dos americanos por meio dos principais estilos musicais dos Estados Unidos: o jazz e o blues
Dois fortes concorrentes ao Oscar 2021, a animação “Soul” (Disney Plus), dirigida por Pete Docter e Kemp Powers, e com vozes de Jamie Foxx e Angela Bassett; e o drama “A Voz Suprema do Blues” (Ma Rainey’s Black Bottom – Netflix), de George C. Wolfe, baseado na peça de mesmo nome escrita por August Wilson em 1984 e estrelado por Viola Davis e Chadwick Boseman, são duas maneiras de abordar temas profundos da alma americana por meio da música. No caso, o jazz e o blues.
DICA >> Séries e filmes da Netflix que viraram livros e vice-versa
Com uma paleta de cores incrível, baseada nas cores preta, marrom e azul, “A Voz Suprema do Blues” se passa basicamente num estúdio em Chicago, em 1927, em pleno período da Lei Seca, quando a cidade era um dos epicentros da cultura do país. Naquele local aconteceria uma gravação fatídica da denominada “mãe do blues” Ma Rainey, brilhantemente vivida por Viola Davis.
Se, no começo, os músicos, a artista e os chefes do estúdio parecem estar num ambiente bastante agradável e preenchido pela melhor música, aos poucos, vai ganhando em intensidade, revelando cicatrizes, angústias e sofrimentos gerados pelo preconceito racial atávico na cultura americana que continua em ebulição desde então, demonstrando que, mesmo que indiquem o contrário, as vidas pretas, sim, importam.
Ou seja, se, num primeiro momento, por exemplo, as manias e exigências de Ma Rainey, conhecida como a “mãe do blues” (sua grande rival era Bessie Smith, a respeito da qual há um belo filme na HBO), podem parecer para um público branco extremamente desagradáveis e desnecessárias, com boa dose de estrelismo, mais para o final do filme, fica bastante evidente que nada mais é do que a maneira encontrada de fazer frente a tanta discriminação. Já o jovem músico Levee (o incrível Chadwick Boseman, em um de seus últimos papéis) também demonstra fazer frente a Ma Rainey e aos veteranos músicos dela (interpretados por Glynn Turman e Michael Potts – em tocantes atuações) por razões bastante similares. Vale conferir também o making of do filme, também disponível na Netflix.
O filme demonstra que o sonho de se tornar uma grande estrela da música e, assim, superar também o preconceito racial, muitas vezes pode ter um final bastante trágico, uma vez que este problema está na estrutura da sociedade americana. Tema também abordado na ótima animação “Soul”, em que Joe Gardner (que leva a voz do astro Jamie Foxx) é um professor frustrado de música do ensino médio, que sonha em ter a grande chance e se tornar um músico de jazz.
Porém, quando esse momento tão esperado chega, por meio de um ensaio aberto no famoso Half Note Club (similar ao Village Vanguard, de Nova York), ele cai num buraco e a alma dele é separada do corpo. Ela, então, é transportada para um centro, onde, por um acidente, recebe a função de encontrar um sonho para a alma 22, que vê a vida de modo bastante negativo.
A partir daí, Joe Gardner começa a rever toda a vida e a entender as razões de a mãe dele sempre o ter desestimulado de partir em busca do sonho de se tornar músico de jazz. Mais uma vez as marcas do preconceito racial aparecem, nesta que foi a primeira animação da Disney a ser estrelada por um personagem negro.
Por Guilherme Bryan
Confira a lista de séries da Netflix que viraram livros clicando aqui
Assista ao trailer de A Voz Suprema do Blues abaixo:
Confira a lista de séries da Netflix que viraram livros clicando aqui
Confira o trailer de Soul – do Disney Plus – abaixo:
Leia mais dicas da Netflix clicando aqui.