Time

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^{Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, Time está disponível no Amazon Prime Video}

A categoria de indicados ao Oscar de Melhor Documentário, salvo raras exceções (como quando o brasileiro Democracia em Vertigem foi indicado), não costuma receber tanta atenção durante a temporada de premiações. Entretanto, sempre há grandes filmes a serem descobertos entre os nomeados. Time, de Garrett Bradley, é um deles. O longa-metragem, vencedor do prêmio de Melhor Direção no Festival de Sundance de 2020, está disponível no Amazon Prime Video.

O longa-metragem enfoca Sibil Fox Richardson, uma mulher negra, mãe de quatro filhos, cujo seu marido foi preso por participar de um assalto a um banco. O documentário retrata a sua luta para criar os filhos e conseguir que o esposo, condenado a absurdos 60 anos de prisão, seja libertado. Foram necessários 20 anos para que Rob recuperasse sua liberdade. Sibil, que também participou do crime, conseguiu ser libertada após cumprir mais de 3 anos de pena.

Comovente, do ponto de vista pessoal, e urgente, no ponto de vista social, Time toca em diversos assuntos atuais, discussão que envolve o direito penal, o sistema carcerário, a desigualdade social e o racismo estrutural. Por mais que seja condenável um assalto a banco, que bem trouxe isso para a sociedade manter Rob 20 anos preso? O quanto isso representa, de fato, uma “justiça”, proclamada na sentença dos tribunais? Quanto tempo a pessoa deve pagar por um crime?

Essa questões são o pano de fundo, enquanto Time busca uma abordagem mais intimista, retratando fragmentos da luta de Sibil para criar os filhos sozinha e tentar reparar a injustiça cometida em suas vidas pela justiça americana. Entretanto, falta um pouco de contextualização ao documentário, que poderia ser inserida de maneira sutil para não estragar a proposta de uma experiência intimista – contextualizar Luisiana como um dos estados sulistas dos EUA, de passado escravocrata, seria importante, uma vez que o documentário trata diretamente sobre os reflexos disso hoje, ao ponto da prisão onde se encontra Rob ser chamada de Angola, ou seja, é uma prisão de maioria absoluta negra. E fica os questionamentos, por exemplo, essa situação é mais grave em Luisiana e em outros estados sulistas como Mississipi, ou é algo generalizado nos EUA? Não sabemos.

Essa falta de informações não atrapalha, entretanto, o andamento documentário, que mistura o olhar da diretora com imagens de arquivo da personagem. Time é uma experiência dura e potente. Não é algo do nosso cotidiano pensar no sofrimento de quem, no desespero, tentou assaltar um banco, se sua condenação foi justa ou exagerada, e no sofrimento de sua família, e Time nos leva justamente a esse lugar de reflexão e empatia. É um filme de dor, mas também sobre amor e luta.

Por Gabriel Fabri

Assista ao trailer de Time abaixo:

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